Monday, April 6, 2009

6 Libras

Nunca falharei.
Olha para mim, e vê o pouco que está sempre presente. Aquela parte que nunca vemos mas na verdade sabemos que está lá, não é visível, é oxigénio. Apenas não penses em mim como um grande, faz-me esse favor e não me enalteças. Não me exponhas.
Não quero que tenham grandes expectativas de mim. Apenas que saibam que não falharei.
Não vejas em mim o todo, não me apertes como uma nota de 100€. Essas, são as que mais escasseiam em tempo de crise e eu não gosto de me sentir apertado, não quero ser pressionado, fico sufocado.
Olha para mim agora, outra vez. Vê um banco. Só de notas de cinco. Vá, e de dez também. Aquelas que sabemos que por mais pobres, mais miseráveis que estejamos acabam sempre por aparecer, e mesmo que não apareçam podemos sempre pedi-las, solicita-las, sabendo que no fundo não temos de as devolver.
Não olhes agora, pensa. Mete a mão no bolso. No outro. No bolsinho pequeno do lado direito. Vai bem ao fundo. Eu sou esses trocos que tens aí sem qualquer valor, mas estão sempre contigo. Quando já só tens a ultima moeda para tomar café e mesmo assim tens direito a troco. Aquele pouco a que recorres quando estas vazio. Aquele que se procurares em casa, vais sempre encontrar numa estante ou debaixo da cama. Com pó. No carro ou até mesmo atrás do sofá. Eu estou sempre lá. E o pouco que sou, sabes que é teu e podes gasta-lo até ao fim. No fundo, pode não ser de grande valor, mas desenrasca. Lá bem no fundo.
Agora pega neste texto e faz o mesmo com ele. Guarda-o num canto do teu pensamento e volta a lê-lo já tiverem caído muitas folhas. E muitos cabelos também. Pelo que depender de mim, espero ao juntar todos os trocos te sintas milionário.
Não, este não é para ti. É para todos vós, e assim digo algo que nem o álcool tira da minha voz.

Friday, April 3, 2009

...Priceless

"Sorry boys, all the stitches in the world can't sew me together again. Lay down...lay down.
Gonna stretch me out in Fernandez Funeral Home on Hun and 9th Street. I always knew I'd make a stop there, but a lot later than a whole gang of people thought. Last of the Moh-Ricans. Well…maybe not the last. Gail's gonna be a good mom: new improved Carlito Brigante. Hope she uses the money to get out. No room in this city for big hearts like hers.
Sorry baby, I tried the best I could, honest...can't come with me on this trip, Loaf. Getting the shakes now. Last call for drinks, bar’s closing down, sun's out. Where are we going for breakfast? Don't wanna go far…rough night. Tired baby...tired."

Al Pacino, in "Carlito's Way" - discurso final

Fica aqui também a música do Filme.
You are so beautiful, de Joe Cocker.


Priceless



"Somebody's pulling me close to the ground. I can sense, but I can't see. I ain't panicked. I’ve been here before. Same as when I got popped on 104th Street. Don't take me to no hospital, please. Fuckin' emergency rooms don't save nobody. Sons of bitches always pop you at midnight...when all they got is a Chinese intern with a dull spoon. Oh look at these suckers scrambling around. What for? My Puerto Rican ass ain't supposed to have made it this far. Most of my crew got washed a long time ago.
Don't worry.
My heart, it don’t ever quit. I ain't ready to check out..."
Al Pacino, in "Carlito's Way" - discurso de abertura

Só tenho a acrescentar que é um dos melhores filmes de Sempre.

Thursday, April 2, 2009

treasure map..leads to you. (or not!) / National Geographic

Passando na praça onde se apresentava a parada, vi o batalhão que desfilava. Olhar seco dum gelado cansado esgotei as forças à procura duma nação que não encontrava. Aqui passo todos os dias. E todos os dias passo neste lugar onde nunca estive.
Eis que vejo alguém com o teu nome. Passa com o passo apressado, seca e infértil, vasta e contudo inalcançável. O olhar fervoroso e quente. Tem cabelos longos e ondulados, numa mistura de amarelos e dourados, estendem-se como numa planície. Como tu, é Sara. Oops, Corrijo, Sahara!

Passou e nem para trás olhou, ia acompanhada. Uma amiga. Nada com ela tem a ver, mas as duas contigo parecem gémeas. Magra e pálida, a expressão decidida. Estreita como uma linha e um andar decisivo. Lançou-me um olhar que me gelou o sangue. Personagem sinistra, parece que separa tudo o que amo e o mete a par com o que mais odeio. O nome não lho vi, traz o crachá tapado por um estandarte que segura com fervor. Exalta calor. Se agora a baptizasse, chamar-lhe-ia Equador.

Rio-me agora desta estranha fisionomia, pareceu-me ouvir chamar-lhe Eva. Certamente seria mais um Adão, tem a altura duma girafa e a força dum leão. O olhar afastado, como se a ela não chegassem. Mas a cara não me é estranha, algo me diz que já nos cruzamos. É alta. É inalcançável. Poucos, provavelmente, lá chegaram. Certamente que muitos tentam. Eu quero acreditar que já estive no topo e marquei o meu pico. Esqueci-me que aqui não sou o único, e falei demasiado alto. Diz-me o homem do cachimbo, que a chamam pelo diminutivo. Que o seu nome é Everest. E já sei de onde a conheço.

O povo agita-se, vem um oficial impor autoridade. Apenas um para tamanha multidão! Não consigo perceber a idade, mas parece o teu irmão. Separa por separar. Não tem nada a favor, não tem nada contra. Divide. Doseia! À medida que se aproxima sentes uma falta. Queres mais uma hora, queres menos uma hora. Num minuto estás lá e num salto atrás ainda aqui. É como dar dois passos para a frente e um para trás sem sair do mesmo sítio. Deve ser de família, tens a mesma capacidade. Já está a dois metros e vejo-lhe perfeitamente a cara, levanto-lhe a mão e aceno com um sorriso. Não me enganei. É o teu irmão, o mais velho um ano, o Meridiano.

E eu sigo a parada e faço o meu percurso. Amanhã volto a este sítio. Vou voltar a descobrir, e, quando me cansar deste, procuro um ainda mais longe. Mais rebuscado, pois. Sei que também em ti um lugar impossível está guardado.

Wednesday, April 1, 2009

Neverland

Foda-se.
Desenganem-se todos aqueles que esperam vir aqui ler uma bela dissertação sobre a vida, um poema de amor, ou um texto lírico cheio de enfeitos nos cantos.
Fechem esta página todos aqueles que acreditam que a vida acaba sempre por correr bem duma maneira ou de outra.
Suicidem-se os que me apoiarem no fim da leitura.
Basicamente, acho que parei no tempo. Não falo no sentido tecnológico, nem na moda, nem em culturas. Terra do Nunca, já todos ouviram falar não já?
Quem não ouviu, muito resumidamente, apenas tem de voar até à segunda estrela à direita e seguir até ao amanhecer. Assim o diziam.
A Terra do Nunca é uma ilha fictícia do livro Peter Pan. Nela as crianças não envelhecem. Entretanto, isso é visto como uma metáfora para infantilidade eterna (e infância), importalidade e escapismo
assim o diz a wikipedia. Pois bem, percebi hoje através dumas conversas que nem fui eu a ter (mais um ponto decisivo) que acho que entrei numa espécie de ciclo. Numa terra do nunca, chamem-lhe como quiserem. Mas por outro lado, continuo a pensar como sempre pensei, que eu é que estou bem e os outros têm a mania. E tambem não será esse pensamento mais um sintoma desta minha infantilidade crónica?! Pois, é isso. Reparo que ao fim de 20 anos tudo o que fiz na minha vida, muito resumidamente, foi nada. Sou aquele gajo que nunca trabalhou e sempre pouco estudou. Vivo um dia de cada vez e muito raramente penso no de amanhã, a menos que tenha feito merda ontem e as consequências estejam à porta. Salvo estas raras exepções, nunca tenho problemas na vida e estou sempre na descontra. O problema é que sou como todos, e tenho-os, mas não lhes dou atenção e duma maneira ou de outra acabam por se resolver. Ou vem um problema pior e este acaba por ser esquecido, ou alguem se encarrega de o fazer por mim, tal como o fizeram os meus pais grande parte da minha vida.
Este problema que tenho agora, olho para ele bem de frente e já o tentei resolver várias vezes e vejo que não é um problema. É o arrastar de sucessoes e sucessoes de bosta que vou acumulando até dar por mim na fossa. Perdoem-me a linguagem. Mas continuo.
Não seria suposto, em pleno seculo XX, uma pessoa só começar a ter preocupações a partir dos 22...23 anos?! e entendam-se por preocupações, começar a trabalhar. Não quero sequer para aqui chamar compras de casa e carros, muito menos filhos e dependências (casamentos). É que o tempo passa, e eu não noto diferença nenhuma, continuo a ser o mesmo puto de sempre que só quer é curtir, estudar o suficiente e ter no máximo o mínimo de responsabilidade..não quero que estejam dependentes de mim, quero ter como obrigação ir às aulas e passar. Estou a ser egoista? Talvez, e às vezes tenho noção disso. É infantil da minha parte querer aproveitar todo o tempo que tenho com os meus amigos e sair todas as noites, desde que não comprometa a minha função de ir às aulas? Digam-me porque é que eu acho que não... se sei que daqui a uns anos vou passar um dia num escritório a fazer um trabalho que não gosto, do género design gráfico, sim, porque tiro o meu curso com uma visão utópica que é a de fazer desenhos animados quando sei que estes são mais raros em portugal que a cabra dos açores (ou lá como se chama o bicho).
Com isto, acho que já me perdi do meu propósito. A terra do nunca. De todos aqueles que me prendem a esta pátria, me acompanham nas minhas ditas infantilidades e, muito genericamente, fazem com que eu não me sinta num berço envolto de tanta "gente grande e adulta", sempre ouve aquela especial. Não falo de amores, nem falo de paixões, ela para mim é e será sempre um rapaz (como toda a gente sabe). De todos nós, era a pior. Continuando com a metáfora e não querendo ser piroso, era a Sininho. Aquele expoente máximo da terra do nunca, que é como nós, agarra-nos a este estatuto e ainda evita que a gente parta. Pois bem. A sininho parece que foi no caralho e os pózinhos mágicos dela agora ssão outros..começo a pensar que é arroz ao ar e um casamento que vem aí. Até irrita. A companheira de todas as aventuras, e desencaminhadora das alturas mais sérias, diz agora que cresceu porque tem um namorado e nós continuamos umas crianças. E eu digo: FODASSE COMÉQUÉ POSSIVEL? TERES UM NAMORADO TIRA-TE O TEMPO PARA OS AMIGOS? e a resposta, para mal de todos os meus pecados, é sim. E eu não percebo como é que, primeiro, vocês ainda estão a ler isto, segundo, é possivel trocar os amigos por um namorado/a. O que me remete ao tema inicial...sou infantil? ou sou só egoista e quero os meus amigos comigo? pior que isso tudo, e namorados à parte, é contarem-me segredos do tamanho do mundo e pedirem-me que me cale porque só eu sei e ainda acabarem por me exigir que compreenda que se tenham de afastar de mim por causa desse mesmo segredo, filme no qual a minha participaçao é nula. será que essas pessoas é que agem mal, ou eu, putozito, afinal ja nao sou assim tao puto e já está na hora de procurar uma rapariga atinada com boas prespectivas e que não tenha aspecto de quem vai acabar com o rabo encravado em celulite nos proximos 30 anos e começo a pensar em coisas serias?! virem-me essa broca para lá, rio-me dessa gente. e a sininho ta-se a tornar essa pessoa. e é graças a ela que eu hoje escrevo este posto e reflicto, será que ela mudou assim tanto..ou eu não consigo sair da criançisse e passar a ser um homem? Sim, porque bem vistas as coisas, já tenho a barba.
E se o namorico acabar, hipotese que já lhe coloquei tambem, a sininho vira-se para quem? aqui o peter pan e o resto dos nossos meninos perdidos na infantilidade ou vai ter com o pirata? nao esquecer que já lhe cagou à porta! Nao percebo como é que, simplesmente, se pode desprezar um punhado de pessoas que nunca nos falharam em troca de uma que já nos fodeu, e bem. e ela sabe.
bem..e assim passou uma hora, concluo que daqui nao me mexo. quando tiver de crescer..há de ser instintivo. terra do nunca, aqui fico!
Volta Sininhojo *