Saturday, February 14, 2009

na praça depois da meia noite (chapt. 2)

Eis que ouço um grito. Aquele grito histérico e irritante que nos quebra a concentração e nos tiram do mundo onde estávamos, da nossa esfera. E no fundo agradecemos. Saio do transe e escuto. Nada mais se ouve a não ser o bater das folhas do carvalho que estende os seus braços por cima de mim. Ouço um barulho, viro-me de repente e bato com o joelho na mesa. Era só uma bolota. Parece que, afinal, não se passa nada. Seria apenas um bando de adolescentes na vida boémia a soltar uma gargalhada de algo sem piada. Ou de nada mesmo. Ou então ficaram quietos e o álcool tratou de os fazer rir sozinhos… ahhh como é tão bom!
Passa uma ambulância. Está confirmado. O estado lastimável não vai ficar por aí e a gargalhada vai ter uma boa noite de sono numa cama, entubada no corredor dum qualquer hospital. E eu acendo outro cigarro. O gás começa-me a falhar o isqueiro apenas acende à terceira vez. O próximo, terá de ser com a ponta. Mergulho uma vez mais nos meus pensamentos, mas algo me puxa outra vez para a realidade com um serrar de dentes e um ardor. Cortei o joelho com o susto. Levanto as calças enquanto sacudo a cinza. Afinal é só um arranhão. Baixo-as rapidamente tal é o frio. Onde ia eu?

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