Sunday, February 8, 2009

peça de arte

Sobrevivo, ou talvez sobrenãovivo, enfim, vivo para amanhã. Adio cada vez mais o dia de hoje e gasto a vida quais cartuchos de pólvora branca disparados para o ar a pensar no que não se passou ontem. Desenho o quadro da minha vida, tenho a paleta numa mão e o pincel de contorno a delinear, mas falta-me o preenchimento. Não tenho tinta com que o pintar. Deito-me e vou sonhar. Não consigo adormecer, fico-me por recordar. Vejo a tua cara e vibro com os teus olhos. Sinto-te, no entanto, com as cores duma película de 8mm…antigas e esbatidas, guardadas na prateleira. Aquela que metemos no projector quando a saudade aperta e queremos a toda a força sentir que temos algo a que nos agarrar. Sinto-te assim. Num passado remoto mas num passado bem presente. Aquele passado que eu queria que ainda nem tivesse passado sequer. Desta película já eu sei o final de trás para a frente, por isso já estou com o comando na mão. Faço-me de mágico, ou ilusionista, e fico atento. Já sei o que vou fazer quando chegar o melhor momento. Vou carregar no botão e parar. Vou ficar a olhar. Vou fazê-lo perpetuar…

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